sexta-feira, 4 de julho de 2008

 
CASO ALSTOM E OS TUCANOS
Investigado no caso Alstom fez doação a secretário de Covas
Farias, hoje vereador, disputou vaga de deputado estadual em 2002
Eduardo Reina
Em 2002, o então chefe de gabinete da Casa Civil do governo Mário Covas, Sebastião Farias, hoje vereador pelo PSDB, recebeu doação para sua campanha a deputado estadual do empresário Romeu Pinto Júnior, apontado por autoridades da Suíça como dono da MCA Uruguay. Essa offshore teria recebido cerca de R$ 8,7 milhões para enviar a empresas que prestaram serviços fictícios a contratos firmados pelo grupo Alstom no Brasil. A multinacional é investigada aqui, na Suíça e França por suposto pagamento de propina para obter contratos com estatais em São Paulo e no País.Na época em que Farias era chefe de gabinete da Casa Civil, o titular da pasta era o hoje conselheiro do Tribunal de Contas do Estados (TCE) Robson Marinho. Documentos apreendidos pelo Ministério Público suíço apontam duas pessoas que trabalharam diretamente com o governador Covas no período em que as propinas teriam sido negociadas. Uma seria Claudio Luiz Petrechen Mendes e a outra, Robson Marinho.Nos documentos aparecem apenas as iniciais dos nomes, com referências a um "ex-secretário do governador", supostamente encarregado de intermediar a negociação das "gratificações ilícitas" pagas a pessoas ligadas ao governo de São Paulo entre 1988 e 2001. Outros documentos mencionam que a propina tinha como destino o "partido no poder" em São Paulo - o PSDB -, além do TCE e a Secretaria de Estado de Energia.Marinho foi coordenador da campanha eleitoral de Covas em 1994 e chefiou a Casa Civil de 1995 a abril de 1997. Ele admitiu ter viajado em 1998 para a França, onde assistiu aos dois jogos finais da Copa do Mundo de futebol, com todas as despesas pagas por empresas do Grupo Alstom, cujos contratos com a Eletropaulo e o Metrô ele mesmo avaliou depois.
REGISTRO
A doação ao então candidato Sebastião Farias, que comandou o gabinete de Marinho, está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em nome de Romeu Alves Pinto Júnior, no valor de R$ 1 mil. Pinto Júnior aparece no TSE com o sobrenome Alves, mas na Receita Federal o Alves é suprimido, apesar de ter o mesmo CPF. O advogado do empresário, Paulo Esteves, disse que a certidão de nascimento do cliente foi registrada com erro no nome, posteriomente reparado, suprimindo o Alves. Para Esteves, não houve irregularidade.Farias informou, por meio da assessoria de imprensa, que desconhece Romeu Pinto Júnior e assegurou nunca ter tido relacionamento com o empresário. A doação que consta no TSE, segundo ele, é relativa à compra de convite para um jantar realizado em 4 de setembro de 2002, no Hotel Crowne Plaza, onde participaram cerca de 40 pessoas que ajudaram a sua campanha a deputado.
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080704/not_imp200432,0.php

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