sexta-feira, 27 de junho de 2008

 
CASO ALSTOM E OS TUCANOS
Mendes vendia "facilidades", diz engenheiro
Afirmação foi feita por Courtadon, ex-consultor da Alstom, a promotores que investigam o pagamento de propina a tucanos de SPSegundo Ministério Público, Claudio Mendes fornecia contatos com pessoas do governo de São Paulo para empresas da área de energia

O engenheiro Jean-Pierre Courtadon declarou ao Ministério Público que o sociólogo Claudio Mendes, apontado como pivô do caso Alstom, vendia facilidades e contatos com pessoas do governo de São Paulo para empresas da área de energia, segundo a Folha apurou.Os dois são investigados no caso Alstom sob suspeita de terem recebido recursos que depois foram distribuídos para políticos do PSDB paulista entre 1998 e 2003, nos governos de Mario Covas e Geraldo Alckmin, ambos do partido.Mendes e seus associados receberam cerca de US$ 5 milhões nesse período de empresas controladas pela Alstom, segundo o Ministério Público da Suíça. A Alstom está sob investigação na Suíça e na França, sob a suspeita de ter pago propinas para empresas do Brasil, da Venezuela, de Cingapura e da Indonésia.Um dos documentos mantidos sob sigilo pelos suíços cita o nome de Courtadon, um francês naturalizado brasileiro, e diz que a Cegelec, empresa comprada pela Alstom em 1997, estava disposta a pagar uma comissão de 7,5% para obter um contrato de R$ 110 milhões da então estatal Eletropaulo -o valor da propina corresponde a R$ 8,25 milhões.Segundo um ex-executivo da Cesp entrevistado pela Folha, Mendes usava seu escritório da avenida Faria Lima, área nobre de São Paulo, para receber fornecedores da área de energia e dirigentes de estatais. Uma de suas empresas, a Inter Empresarial Turismo e Câmbio, ficava nessa avenida.Courtadon parece saber do que está falando quando diz que Mendes vendia acesso ao governo de São Paulo para empresas do setor de energia.O francês foi diretor comercial da filial brasileira da Cegelec entre 1983 e 1996. No ano seguinte, foi contratado como consultor da empresa para viabilizar um contrato de 1990 que estava na gaveta por falta de financiamento internacional -o chamado aditivo 10 do projeto Gisel (Grupo Industrial para o Sistema da Eletropaulo), criado em 1983 para modernizar o sistema elétrico paulista.O aditivo previa a compra de sete transformadores para uma subestação no Cambuci, na região central de São Paulo. Foi para obter esse contrato que a Alstom teria oferecido a propina de R$ 8,25 milhões.O consultorEm entrevista à Folha, Courtadon confirmou que o "Courtadon" citado no memorando francês que fala da propina deve ser ele mesmo. Os dois documentos foram trocados em setembro e outubro de 1997. O contrato da Eletropaulo foi assinado no ano seguinte.O primeiro desses memorandos cita os nomes de Courtadon e Claudio Mendes, apontado como o "intermediário com o G. [governo] de SP".Courtadon disse que à época em que era diretor da Cegelec conheceu um Claudio Mendes. À Folha, porém, apresentou uma versão diferente do que dissera ao Ministério Público: "Esclareço que o que eu disse a respeito do sr. Cláudio Mendes foi que há muito tempo fui procurado por ele, que oferecia serviços de intermediação, a fim de viabilizar negócios absolutamente lícitos, mas que jamais se concretizaram".Mendes contou à Folha uma terceira versão, divergente -a de que procurou a Cegelec para oferecer um negócio que usaria contêiner em bases de antenas para telefonia celular.Courtadon diz que, no seu caso, não faz sentido a acusação do Ministério Público suíço de que os contratos de consultoria eram fictícios e serviam para dar uma aparência legal ao dinheiro que seria usado para pagar propina.Inicialmente, o engenheiro disse à Folha por telefone que foi contratado para dar consultoria financeira. Ao ser questionado de que a engenharia financeira, um financiamento do banco francês Société Générale, viera pronta da França, ele não quis fazer comentários.Por e-mail, apresentou uma versão mais genérica: "Meu contrato de consultoria foi uma verdadeira prestação de serviço, pois eu tinha as capacidades técnicas como engenheiro formado em eletricidade e mecânica. Além disso, tinha nessa época profundo conhecimento do aditivo 10".O engenheiro conta que durante os dois anos que prestou consultoria à Alstom organizou reuniões com a Eletropaulo para reativar o contrato. Ele diz que desconhece o pagamento de propina pela Alstom.De acordo com Courtadon, é equivocada a hipótese segundo a qual a Alstom teria pago propina à Eletropaulo porque corria riscos de perder o negócio de R$ 110 milhões: "Para a assinatura de um aditivo a um contrato não é necessário fazer uma concorrência".

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